Faturamento da indústria deve crescer 30% em 2011

São Paulo, dezembro de 2011 – O setor metroferroviário brasileiro está vivendo momento que há muito não se via no País. Os projetos voltados para o transporte sobre trilhos envolvem muitos bilhões e neles estão incluídos tanto o segmento de passageiros, que obrigatoriamente passará por grande transformação em função da realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016, quanto o setor  das ferrovias de carga, que envolvem cerca de 11.800 quilômetros de novas vias. 
Graças à redescoberta do modal metroferroviário, a indústria da área - representada pelos segmentos de cargas e de passageiros -, deve encerrar o ano de 2011 com um faturamento em torno de R$ 4 bilhões e conquistar crescimento da ordem de 30% ante os R$ 3,1 bilhões de 2010. 
O faturamento previsto para o exercício que ora termina tem como base a produção, reforma, recuperação, modernização e manutenção terceirizada dos equipamentos oferecidos pelas empresas associadas ao SIMEFRE – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários, que devem tirar de suas linhas de montagem, as seguintes quantidades de veículos ferroviários novos: cerca de 5.700 vagões de carga, 330 carros metroferroviários para o transporte  de passageiros  e  113 locomotivas.
Além disso, as empresas associadas ao SIMEFRE são responsáveis pelo projeto, fabricação e montagem de todos os sistemas fixos (alimentação elétrica, sinalização e controle de trens, sistemas auxiliares) componentes para todos os veículos ferroviários fabricados e equipamentos para as linhas férreas, os quais compõem os sistemas ferroviários de carga e de passageiros como um todo.    

Setor de Cargas – A indústria fabricante de vagões está se preparando para encerrar o exercício com excelentes resultados. Quando comparamos o resultado de 2011 com o obtido no ano passado, encontramos um aumento da ordem de 75% no volume de vagões fabricados e entregues (5.700  unidades ante as 3.261 do ano anterior). 
Os fabricantes de locomotivas também estão comemorando o desempenho alcançado no período. O setor deverá entregar até o final de dezembro, cerca de 113  unidades. Esse volume representará um crescimento em torno de 65%  sobre as 68 máquinas entregues em 2010. 
Adicionalmente, serão entregues cerca de 500 vagões reformados . Já as locomotivas reformadas  chegarão a 90 unidades, 90% das quais serão acréscimo de frota das concessionárias, um mercado que tem movimentado a cadeia produtiva da indústria brasileira com truques novos, eletrônica embarcada e outros itens.
Segundo Vicente Abate, diretor do SIMEFRE, alguns fatores impactaram positivamente o setor ferroviário de carga em 2011. Entre eles, o PSI – Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “Vemos com expectativa bastante positiva a sua extensão para até o final de 2012, incluída no Plano Brasil Maior, mas entendemos que os juros talvez pudessem ser de 6 a 7% ao ano, que seriam equivalentes, hoje, aos juros do início do programa em 2009, que eram de 4,5% ao ano”, diz Abate.
Segundo ele, o minério de ferro e os produtos agrícolas, especialmente o açúcar, também contribuíram para o excelente desempenho dos fabricantes de vagões e locomotivas em 2011. O setor vê com muito otimismo o aquecimento do transporte ferroviário de contêineres, que deverá ser expandido mais e mais, gerando vendas de vagões apropriados para este transporte como os double stack, os vagões longos de 27m de comprimento e os vagões convencionais PET.
Exportação - De acordo com o diretor do SIMEFRE, o dólar baixo frente ao real sobrevalorizado continua prejudicando a competitividade da indústria ferroviária. Além do câmbio, a elevada carga tributária brasileira tem sido outro problema. “A indústria tem feito a parte que lhe cabe, com programas para melhorar sua produtividade, além de investir em inovação. Mas isso não tem sido ainda suficiente, razão pela qual os volumes exportados em 2011 foram muito aquém do que o setor já fez em anos passados. Serão apenas seis (6) vagões e cinco (5) locomotivas”, conta.
Além de exportar menos, a situação atual de câmbio e carga tributária traz vulnerabilidade à indústria ferroviária, assim como a quase toda empresa brasileira, com relação às importações. Neste sentido, faz-se urgente uma política industrial voltada ao setor ferroviário que diminua esta vulnerabilidade.

Setor de Passageiros – Os fabricantes de carros de passageiros (trens e carros de metrô), em termos de encomendas, comemoram também, porém com menor intensidade. O volume de carros do exercício ficou abaixo do esperado, porque os novos administradores que tomaram posse em 2011 estão ainda consolidando os planos de investimento. Em termos de produção, a indústria deve encerrar o exercício com 328 unidades.
Por outro lado, os fabricantes de carros de passageiros têm importante atuação no mercado de reforma, modernização e manutenção de algumas séries de veículos pertencentes à atual frota metroferroviária do país destinada ao transporte de passageiros. No exercício que termina, serão entregues 78 carros totalmente reformados e modernizados para Metrô/SP e Supervia/RJ. No que se refere à terceirização da manutenção, incluídos serviços preventivos, corretivos e revisões gerais, a indústria ferroviária mantém contratos, de longo prazo (4 a 5 anos), com operadoras de transporte de passageiros do Distrito Federal e São Paulo, abrangendo, atualmente, o total de 432 carros. 
Investimentos – Embora os volumes de 2011 não tenham sido dos melhores para a indústria fabricante de carros de passageiros, existe um alento no fim do túnel, que permite sonhar com dias melhores. Os fabricantes aguardam a confirmação do grande volume de investimentos em mobilidade urbana anunciado pelo governo. 
Os projetos para atender o transporte de passageiros sobre trilhos no dia-a-dia e outros visando os eventos da Copa e Olimpíadas somam quase R$ 70 bilhões. “Somente para São Paulo, no período 2011 a 2014 temos valores que alcançam a cifra de 46,3 bilhões, dos quais R$ 26,2 bilhões irão para o Metrô e R$ 20,1 bilhões para a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). No caso do PAC 2 da mobilidade, os recursos da União e financiamento da CEF (Caixa Econômica Federal) e BNDES representam R$ 18 bilhões, para os próximos quatro anos”, pontua Luiz Fernando Ferrari, vice-presidente do SIMEFRE. 
Ferrari aponta como fator negativo e prejudicial, a falta de política industrial para proteger a indústria nacional. “As concorrências internacionais para a aquisição de trens com condições que privilegiam os proponentes estrangeiros”, observa.
A concorrência dos investidores estrangeiros está extremamente aquecida, porque o Brasil é a bola da vez em termos de projetos metroferroviário atraindo fornecedores de todos os tipos de veículos (TAV, VLT, Monotrilho, etc.).
Responsável pelo emprego direto e indireto de 20 mil profissionais, a indústria nacional está preparada para a competição, porém é preciso que as licitações apresentem condições de participação isonômica para os fabricantes instalados no País em comparação com as condições oferecidas para os proponentes estrangeiros.
Os fabricantes da área metroferroviária investiram nos últimos anos (2003 a 2010) mais de R$ 1,1 bilhão em modernização e ampliação de fábricas existentes, novas fábricas, aplicação de tecnologia e capacitação de seu quadro de profissionais. A previsão para novos investimentos no período de 2011 a 2013 é de R$ 400 milhões.

Capacidade Instalada – Dona de um parque fabril altamente automatizado e um dos mais modernos, a indústria metroferroviária está capacitada para fabricar anualmente 12 mil vagões, fruto de investimentos que se iniciaram em 2003. Esta capacidade permite atender perfeitamente à demanda existente e o excedente dela é ocupado para recuperar e modernizar vagões e fabricar elementos estruturais.
Na área de locomotivas, a indústria está equipada para produzir 150 unidades por ano, mas já há movimentos de acréscimo, com a instalação em 2012 de uma nova fábrica, além da ampliação das existentes, que deverá elevar a capacidade para 250 locomotivas em até dois anos.

Perspectivas 2012 – Se tudo continuar dentro do previsto, no segmento de cargas, especificamente na área de vagões de carga, a previsão da indústria é fechar 2012 com uma produção entre 3.500 e 4.000 unidades, dos quais 50 vagões deverão ser comercializados no mercado externo. Haverá continuidade  na recuperação e modernização de vagões da frota existente.
No caso das locomotivas, os fabricantes estimam uma produção da ordem de 110 unidades, sendo 10 máquinas para atender às exportações. “Espera-se também um acréscimo de frota para as operadoras de mais 100 locomotivas a serem reformadas”, segundo Abate.
No caso de carros de passageiros esperam-se para 2012, performances muito próximas, em termos de quantidades de carros, tanto no caso de veículos novos, como na manutenção terceirizada. Com relação à reforma e modernização, as quantidades para 2012 deverão superar os valores obtidos em 2011. 

Tecnologia - A indústria brasileira de vagões de carga e toda sua cadeia produtiva têm desenvolvido, em conjunto com as concessionárias, soluções de vagões mais produtivos. São modelos mais leves e de maior capacidade de carga, como os gôndola de 150 toneladas para o transporte de minério de ferro, para a Vale e MRS Logística, os graneleiros com descarga mais rápida (100 toneladas em apenas 58 segundos) para o transporte de açúcar para a Rumo / ALL (America Latina Logística) e também para a FCA (Ferrovia Centro Atlântica).
Os vagões para o transporte de contêineres empilhados do tipo double stack, em teste na MRS, e vagões longos, de 27 metros, para contêineres no nível da plataforma, já adquiridos pela Brado, também fazem parte dos novos desenvolvimentos da indústria brasileira para o promissor mercado de transporte de contêineres por ferrovia. 
Outra inovação são as modernas e potentes locomotivas de 4.400 HP com corrente alternada, que proporcionam redução de 35% no consumo de combustível, fabricadas no Brasil, e que já fazem parte da frota da maioria das operadoras brasileiras.

Via Permanente – A indústria metroferroviária brasileira também tem contribuído com a expansão da malha ferroviária de carga e de passageiros, que contempla a implantação de novas linhas e duplicações de outras, além da manutenção das vias existentes. Ela tem fornecido dormentes de concreto e de aço, aparelhos de mudança de via, placas de apoio, soldagem de trilhos e grampos de fixação elástica. A IAT – associada ao SIMEFRE - acaba de anunciar o volume expressivo de 100 milhões de grampos fabricados desde 1997.
A capacidade instalada dos produtores de grampos elásticos supera os 20 milhões de peças anuais, volume este suficiente para suprir a demanda nacional e exportar.
A área de via permanente tem introduzido inovações tecnológicas que permitem aos usuários uma velocidade maior de troca das fixações nos tempos cada vez menores dedicados à manutenção de suas vias, bem como utilizando dormentes, aparelhos de mudança de vias e outros componentes de última geração.

Confira mais notícias