Cientistas buscam parceiros para fábrica de módulos solares

Os cientistas Adriano Moehlecke e Izete Zanesco, professores da PUC-RS e líderes de um grupo de pesquisa que desenvolveu uma tecnologia para a produção em escala comercial de células solares e de módulos fotovoltaicos, buscam uma grande empresa interessada em levar adiante um projeto de construção de fábrica para a produção desses componentes. Os elementos são básicos para a geração de energia solar e o investimento inicial em sua produção é próximo a 100 milhões de reais. Eles apresentaram o trabalho no 21º Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE).

“Somos os cientistas vistos fora da universidade como aqueles que não olham a parte econômica das pesquisas. Nós fizemos tudo”, disse Moehlecke. O grupo concluiu, com o auxílio de uma empresa especializada, o plano de negócio que mostrou a viabilidade econômica da construção de uma fábrica. A tecnologia foi desenvolvida a partir de 2001 e em 2004 foi montada uma fábrica piloto, com o apoio do Governo Federal e das estatais Petrobras, Eletrosul e Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul. Segundo o pesquisador, a unidade produziu 12 mil células solares e 200 módulos fotovoltaicos que foram entregues às empresas apoiadoras para utilização em sistemas de geração.

Moehlecke entende que o Brasil precisa definir qual a força com que pretende entrar na geração de energia solar. Segundo ele, o mercado brasileiro hoje está abaixo dos quatro megawatts (MW) e para justificar a construção da fábrica é necessário um mercado que gere pelo menos de 25 a 30 MW.

“Se o governo não colocar a sua mão forte no mercado, não vai acontecer nada”, disse Moehlecke. O cientista gaúcho sugeriu que seja feito um leilão específico para a compra de energia solar, da mesma forma que foi feito para desenvolver a geração de energia eólica. Ele disse também que o grau de nacionalização dos módulos produzidos com a tecnologia doméstica não foi ainda definido, mas, por enquanto, é certo que seria necessário importar as lâminas de silício, que representam de 35% a 40% do preço global. Hoje os chineses são os maiores concorrentes no mercado internacional de células e módulos para a geração solar.

(Fonte: Valor)

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