Setor naval fecha ano movimentando cerca de R$ 8,3 bilhões

O parque industrial naval brasileiro fecha o ano de 2011 com 312 projetos de construção de navios e plataformas em carteira. Este número representa 6,2 milhões de TPB ((toneladas de porte bruto que medem a capacidade de carga de um navio). Além disso, o setor atingiu a marca de 59 mil empregos diretos, conforme disse ao Monitor Mercantil, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Santana Rocha, acrescentando que as prioridades de financiamentos aprovadas em duas reuniões do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (FMM), no ano, somam US$ 8,3 bilhões para a construção de embarcações e para a implantação de oito novos estaleiros e a expansão de três já existentes.

"Num ano desafiador para a economia, o setor naval apresentou resultados positivos. A presidenta Dilma Rousseff inaugurou, em setembro de 2011, as obras de implantação do estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba (SP), onde serão construídos os empurradores e balsas dos comboios para transporte de etanol na hidrovia Tietê-Paraná. Em novembro de 2011, a presidenta esteve presente na entrega à Transpetro do petroleiro Celso Furtado, navio para transporte de produtos derivados de petróleo, realizada no Estaleiro Mauá, em Niterói", comentou, ressaltando que a Petrobras recebeu as propostas para a construção no Brasil de 21 sondas de perfuração de poços de petróleo. "Em 2012 estas encomendas estarão serão colocadas nos estaleiros, ampliando a geração de emprego e renda".

Rocha disse ainda que, neste mês, foi inaugurada em São Gonçalo (RJ) a unidade industrial Aliança Offshore, que irá construir os blocos para a construção de navios de apoio marítimo no Estaleiro Aliança, instalado na vizinha Niterói (RJ). E salientou que o estaleiro Jurong Aracruz realizou a cerimônia de início das obras, no Espírito Santo.

O presidente do Sinaval frisou que também foram concedidas as licenças de instalação do Estaleiro Promar, em Suape (PE), e do EBR - Estaleiros do Brasil, em São José do Norte (RS). E ressaltou que de um total de 18 plataformas de produção de petróleo em construção, 13 serão construídas no Brasil.

"A Petrobras reativou a área industrial e o dique seco do antigo estaleiro Ishibras, criando o Estaleiro Inhaúma, no Rio de Janeiro (RJ), preparando-o para realizar a conversão em plataformas tipo FPSO de quatro cascos de petroleiros comprados no mercado mundial. O primeiro deles já está no Rio de Janeiro".

Fórum - O Sinaval realizou, em agosto último, o primeiro Fórum de Conteúdo Local, entregando aos fornecedores dos estaleiros as bases de dados sobre equipamentos e navipeças necessários para a construção de navios de apoio marítimo, petroleiros e plataformas tipo FPSO. Com essa iniciativa, a entidade deu um passo concreto para o aumento dos fornecimentos da indústria local a navios e plataformas.

Rocha disse ainda que a entidade concedeu, em novembro de 2011, o Prêmio Naval de Qualidade e Sustentabilidade (PNQS), iniciativa realizada em conjunto com a Fundação Aro e com o patrocínio da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Sete Brasil. Os vencedores foram os estaleiros Aliança (Niterói - RJ) e Wilson, Sons (Guarujá - SP) e os fornecedores WEG (motores elétricos e sistemas) e Spice Gourmet (operação de cozinhas industriais em estaleiros). Menções honrosas foram concedidas aos estaleiros UTC e Enaval (Niterói)

Os vencedores do PNQS, segundo ele, mostraram os trabalhos que produziram e os bons resultados da indústria da construção naval brasileira. A ênfase na formação de recursos humanos, casos apresentados pelo Estaleiro Aliança (aprendizes de corte e solda) e da WEG (formação de lideranças); os processos gerenciais inovadores desenvolvidos, casos do Estaleiro Wilson, Sons (aumento do conteúdo local nos navios) e da Spice Gourmet (avaliação diária das operações realizadas pela equipe), foram exemplos de boas práticas no setor.

Na área de relações trabalhistas, segundo ele, a NR-34, com normas específicas para a segurança no trabalho em estaleiros, desenvolvida pela comissão tripartite, formada pelo Ministério do Trabalho, sindicado dos trabalhadores e o Sinaval, foi considerada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como um exemplo mundial.

Rocha frisou ainda que a entidade negociou com sucesso acordos com sindicatos dos trabalhadores e apoiou a condução de negociações de estaleiros associados em diversas regiões do país.

"O Sinaval manteve ativa participação junto ao Ministério dos Transportes, Ministério da Fazenda, Ministério da Indústria e Comércio Exterior e o Ministério de Ciência e Tecnologia. Participou do GAC - Grupo de Aceleração do Crescimento. Obteve apoio das autoridades federais para assegurar recursos para financiamentos à construção de navios e implantação e expansão de estaleiros".

Perspectivas para 2012 - O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, fez questão de ressaltar ao MM que para o ano que vem os desafios do setor continuam os mesmos, ou seja, aumento do conteúdo local aos fornecimentos a navios e plataformas; formação e qualificação de recursos humanos e aumento da produtividade e competitividade dos estaleiros. E frisou que a perspectiva é continuar a expansão do setor com encomendas para os próximos 10 anos, principalmente em função da demanda da Petrobras.

Quanto a qualificação de mão-de-obra, Rocha disse que a formação de pessoal é realizada pelos próprios estaleiros que, em sua grande maioria, possuem sistemas de treinamento, principalmente para técnicos em corte e solda.

O Prominp, diz, realiza cursos em todo Brasil. As universidades aumentaram suas turmas de formação de engenheiros naval e os jovens já perceberam que as profissões ligadas à indústria naval têm grande demanda por pessoal qualificado.

"O Sinaval está coordenando, numa ação da qual participam também a ONIP e o Prominp, de um programa para aumento do conteúdo local nos fornecimentos a navios e plataformas. Em agosto de 2011, foi realizado o I Fórum de Conteúdo Local que apresentou a base de dados de mais de 15 mil itens (sistemas, equipamentos, peças e materiais) que serão demandados pelos estaleiros. Em 2012 esse programa prossegue com a articulação como os fornecedores".

Para Rocha, o crescimento do setor da construção naval depende da sua rede de fornecedores: aços, motores, bombas, válvulas, tubulações, cabos e sistemas elétricos, sistemas eletrônicos de comando e controle, sistemas de navegação. A expansão da rede de fornecedores, segundo ele, representa aumento do emprego, maior geração de renda no Brasil e incorporação de novas tecnologias.

"Nesse esforço é esperada a realização de associações entre empresas locais e internacionais. O resultado é a promoção de desenvolvimento sócio econômico e o posicionamento do Brasil entre as nações que são fornecedoras internacionais de navios e seus sistemas".

No que diz respeito ao preço do aço, o presidente do Sinaval disse que não é possível realizar previsões sobre preços de produtos. O comportamento do mercado siderúrgico pode ser analisado nas estatísticas do Instituto Aço Brasil. E quanto a demanda da Petrobras, Rocha enfatizou que é "bem grande". Segundo ele, são 500 navios de apoio marítimo, 50 plataformas de produção, 50 sondas de perfuração, e cera de 140 novos petroleiros. 50 plataformas de produção, 50 sondas de perfuração, cerca de 140 novos petroleiros. "A implantação de novos estaleiros é a resposta dos empresários do setor para atender essa demanda. A indústria da construção naval trabalha com padronização técnica e de qualidade internacional. Os estaleiros brasileiros estão no mesmo nível dos estaleiros asiáticos, em termos técnicos. Precisamos avançar para atingir a escala de produção dos estaleiros asiáticos como a mesma produtividade".

Em sua opinião, os estaleiros asiáticos tem a proposta de atender, principalmente, encomendas da sua região. E, em função da produtividade conquistada como o volume de produção, se tornaram muito competitivos, além de contar com forte apoio dos governos (China, Coréia do Sul e Cingapura).

"A indústria da construção naval brasileira tem a missão de atender a demanda brasileira e em breve da América Latina e África".

Fonte: Monitor Mercantil/Marcelo Bernardes

 

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