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Siderúrgicas consolidam recuperação


As ações de siderúrgicas brasileiras traçam um movimento de alta desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre, que mostraram ao mercado os efeitos positivos de reajustes de preços, corte de custos e da desvalorização do real frente ao dólar. Agora, os papéis tentam antecipar um terceiro trimestre ainda melhor.

Quatro importantes casas de análise - BTG Pactual, Goldman Sachs, Credit Suisse e Citigroup - divulgaram relatórios recentemente para ajustar para cima as expectativas para os balanços de siderúrgicas no período de julho a setembro. De forma geral, os especialistas esperam que as companhias tenham Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) mais forte no trimestre, ajudadas pelo câmbio, pelo aumento dos preços de venda e por medidas tributárias.

Segundo o BTG Pactual, há um mês as próprias companhias eram mais conservadoras em seus comentários. O banco de investimento aponta que a Usiminas passou a projetar Ebitda de R$ 500 milhões para o terceiro trimestre, ante a sinalização de R$ 400 milhões dada em setembro.

As ações de siderúrgicas mostraram a maior surpresa positiva entre os papéis do Ibovespa no pregão seguinte à divulgação de resultados do segundo trimestre, com alta média de 2,4%, segundo estudo feito pela equipe de análise da Votorantim Corretora. Desde então, os papéis seguem recuperando as perdas no ano.

As ações preferenciais da Usiminas recuavam 39% de janeiro até a data de divulgação do balanço referente aos meses de abril a junho, em 26 de julho. De lá para cá, avançam 49%. A mesma dinâmica repete-se com os papéis da CSN e da Gerdau.

No ano, o desempenho das ações do setor siderúrgico ainda é negativo. Mas, em outubro, os papéis já acumulam altas entre 6,3% (preferenciais da Gerdau) e 12,2% (CSN). O balanço do terceiro trimestre da Usiminas será divulgado no dia 30, e o da Gerdau, dia 31. A CSN ainda não informou a data de apresentação de seus resultados.

O Credit Suisse elevou, na sexta-feira, o preço-alvo das ações preferenciais da Gerdau, de R$ 18 para R$ 20, e de Usiminas, de R$ 10 para R$ 13, ao mesmo tempo em que reforçou a recomendação de compra. A revisão reflete o aumento da projeção do dólar - de R$ 2,20 para R$ 2,30 em 2013, e de R$ 2,30 para R$ 2,40 em 2014 - e reajustes aos preços de aços planos e longos.

Já a CSN teve o preço-alvo reduzido de R$ 12 para R$ 11 pelo Credit. "O benefício da atual depreciação do real é compensado por estimativas de queda nas vendas de minério de ferro nos próximos anos", justifica a equipe liderada por Ivano Westin.

A Usiminas pode ser o destaque do trimestre, afirmam analistas. A companhia é a preferida do BTG, por conta de sua alavancagem operacional em um ambiente de recuperação de preços. Isto significa que, para a siderúrgica mineira, um aumento da receita bruta vai gerar um crescimento do resultado operacional em um percentual maior que o restante do setor. Além disso, a expectativa é que um forte volume de vendas e o controle de custos permitam à companhia interromper a sequência de seis trimestres de prejuízos consecutivos.

Mas a postura ainda é prudente para o setor. O Citi alerta para os elevados múltiplos e a contínua fraqueza de preços no mercado internacional. Para o BTG, a principal preocupação é o excesso de capacidade global, que reduz o poder de preço do setor. O Credit diz que o câmbio pode ser decisivo para a atratividade das empresas.

O Goldman Sachs destaca que a ação da Usiminas está barata em relação aos pares e sugere a compra. Já o Citi mantém a sugestão neutra: "A Usiminas tem um forte momento positivo de ganhos, mas enfrenta a tendência de fraqueza na demanda doméstica e a grande dependência de recursos do governo", afirmam os analistas Alexander Hacking e Thiago Ojea.

O Credit espera o melhor trimestre para a Usiminas em três anos. Vale destacar que, após ter reduzido o prejuízo em 75% no segundo trimestre, na comparação anual, para R$ 22 milhões, o terceiro trimestre pode ser a primeira vez em que a Usiminas lucrará desde o quarto trimestre de 2011.

O Ebitda da Usiminas é esperado em R$ 489,3 milhões no terceiro trimestre, segundo a média de projeções de Credit, Citi e Goldman. Em relação a igual período do ano passado, quando era de R$ 150 milhões, o avanço seria de 226%.

O Goldman Sachs elevou a estimativa de Ebitda para a Usiminas em 2014 em 11,6%, para R$ 2,56 bilhões. Segundo o banco, a companhia pode adicionar até R$ 975 milhões por meio de ajustes de preços - inclusive para montadoras -, a ampliação da produção de minério e as medidas antidumping contra as importações de certos tipos de laminados de aço, com origem na China, África do Sul, Coreia do Sul e Ucrânia, que serão sobretaxados.

A Gerdau divide opiniões. O Citi a considera a preferida no setor, pois a relação entre a geração de fluxo de caixa livre e o preço da ação se mostra a mais atraente do setor. Já o BTG é mais cauteloso e afirma que as expectativas do mercado estão muito altas.

O Credit espera o melhor resultado para a Gerdau desde o segundo trimestre de 2010. O negócio brasileiro da companhia tende a compensar o ambiente desfavorável de preços nos Estados Unidos e um período sazonalmente mais fraco na Espanha. O Citi concorda e estima o Ebitda da companhia em R$ 1,34 bilhão no trimestre, 30% acima de um ano antes.

"Ao mesmo tempo, a CSN está voltando ao bom caminho", dizem Edmo Chagas, Antonio Heluany e João Pedro Salgado, do BTG. Um acordo para a Transnordestina permitirá à companhia diluir sua participação no projeto e, ao dividir o controle com o governo, deixar de consolidar a dívida da ferrovia em seu balanço. Além disso, a usina de aços longos está próxima de iniciar sua produção e o fluxo de caixa será beneficiado pela compra de minério de ferro a baixos preços. "Os riscos ainda existem nos ativos da ThyssenKrupp, assim como na Namisa (mineradora de ferro), mas continuamos a ver a percepção de risco diminuir", afirmam os analistas do BTG.

O Citi projeta o Ebitda da CSN em R$ 1,36 bilhão de julho a setembro, 26% acima de um ano antes. A divisão de aço deve apresentar resultados melhores, por conta do aumento dos preços do aço e da diminuição de paradas operacionais. A área de minério de ferro também mostrará melhores volumes, na comparação trimestral, impulsionada pela compra da commodity de terceiros, dizem os analistas. (Valor Econômico)



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