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Indústria naval busca novas formas para a transferência de óleo e gás entre embarcações



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No seminário Operações Ship-to-Ship Underway no Brasil, a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena) irá esclarecer os processos que envolvem a transferência de petróleo e gás liquefeito de uma embarcação para outra em movimento. Segundo o diretor-financeiro da Sobena e gerente de operações de instalações offshore da Transpetro, Luiz Carlos Barradas (foto à esquerda), o procedimento se mostra como uma alternativa ao uso da logística portuária.

Para o presidente da Sobena, Floriano Pires (foto à direita), o setor naval brasileiro caminha na direção de um melhor padrão de desempenho, mas o processo exige uma retomada gradual, de modo que a política de conteúdo local represente uma fase de transição. Segundo ele, o governo cumpre seu papel no que diz respeito a financiamentos e encomendas para o setor, mas não há nas empresas a cultura de investir em pesquisa, sendo necessária uma política industrial mais bem definida e direcionada às metas setoriais. O Operações Ship-to-Ship Underway no Brasil será realizado na terça-feira (19), no Rio de Janeiro.

De que maneira a Sobena atua no setor de engenharia naval?
Luiz Carlos Barradas: A Sobena é uma sociedade técnica de mais de 50 anos, que realiza seminários técnicos referentes à área de tecnologia da indústria naval e offshore do Brasil. Temos uma revista técnica e publicamos vários artigos.

O que será discutido no Operações Ship-to-Ship Underway no Brasil?
Luiz Carlos Barradas: Recentemente, a Petrobrás recebeu autorização em uma área para realizar uma operação de transferência de petróleo bruto e gás liquefeito de uma embarcação para outra em movimento. Uma alternativa ao uso da infraestrutura portuária, esse tipo de operação, chamada de ship to ship underway, é recente e, por isso, iremos apresentá-lo no evento.

A indústria naval brasileira conseguirá ser competitiva internacionalmente?
Floriano Pires: Estamos caminhando para isso, mas esse processo exige uma retomada gradual. As metas ainda não foram atingidas porque nossos estaleiros são novos ou ainda estão em construção. Por isso, boa parte das encomendas é transferida para os estaleiros do Japão e da China, já que é necessário reduzir os atrasos e cumprir os prazos. Isso não tem afetado o cumprimento das exigências de conteúdo local.

Luiz Carlos Barradas: Também é preciso superar os gargalos. O setor ficou sem investimento por muito tempo. Como a produção cresce muito, a logística precisa de novas opções, como as operações ship to ship. Com o atual custo pesado, não há como ficar concentrado na infraestrutura existente.
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A política do governo para o setor naval tem cumprido seu papel?
Floriano Pires: O governo cumpre seu papel no que diz respeito a financiamentos que viabilizam a situação do setor, mas os investimentos em P&D não estão direcionados a metas setoriais. É necessário aumentar rapidamente a produtividade, mas não há, nas empresas, a cultura de investir em pesquisa.

A indústria brasileira, em geral, não tem dinamismo em termos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e, por isso, é necessária uma política industrial. É preciso incluir o eixo tecnológico nesses estímulos do governo, para que possamos ir além dessa fase de depender da política de conteúdo local, que espero que seja uma transição.

Em que tipos de tecnologia, especificamente, a importação ainda é fundamental?
Floriano Pires: Não é uma questão crítica tecnológica, pois o que é feito no exterior pode ser feito aqui. O problema é o prazo. O Brasil precisa avançar em engenharia de processos e gestão e ampliar a oferta de empresas nacionais em engenharia de projetos. Os estaleiros maiores já contam com parcerias de grupos japoneses, que possuem padrões tecnológicos mais elevados.

A formação de engenheiros do setor naval está sendo suficiente para atender o crescimento do setor, em termos de quantidade e qualidade?
Luiz Carlos Barradas: A qualidade dos cursos é significativa, principalmente na USP e na UFRJ, mais tradicionais. Em termos de quantidade, há crescimento. A UFPE, por exemplo, tem apresentado novos quadros.

Floriano Pires: A construção naval demanda engenheiros de várias áreas, mas o número é baixo em todas, principalmente se comparado ao de nossos competidores. Isso tem gerado dificuldade para atender à grande demanda do país. O padrão realmente é bom no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas, para atender a exigência do mercado em termos de quantidade, é preciso investir em ampliação sem perder a qualidade.



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