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Pesquisa da Engenharia Química da UFSCar foca em novo processo para dessalinização da água

Autor da pesquisa Rafael Linzmeyer Zornitta, aluno de doutorado, foi contemplado com bolsa da Fundación Carolina, da Espanha

O desenvolvimento de novos materiais e processos de baixo custo e ambientalmente mais amigáveis para a dessalinização de água é o foco de uma pesquisa em andamento no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O estudo, intitulado "Preparação e caracterização de carvão ativo a partir de resíduos biomássicos para uso em dessalinização por deionização capacitiva”, é de autoria de Rafael Linzmeyer Zornitta, que cursa doutorado no PPGEQ.

De acordo com o orientador da pesquisa, Luís A. M. Ruotolo, do Departamento de Engenharia Química da Universidade, a dessalinização é importante para produzir água potável em regiões onde há escassez de água para consumo humano e animal e também para a agricultura.

Como material de partida para o processo de dessalinização, a pesquisa utiliza o carvão ativo. “Os carvões ativos (ou ativados) são de grande interesse industrial pois suas aplicações vão desde o tratamento de água e águas residuárias (resíduos aquosos gerados pelas indústrias) até processos catalíticos e de separação”, explica Ruotolo.  Segundo ele, o carvão ativado é preparado através de um tratamento térmico seguido de ativação química ou física, proporcionando a esse material uma elevada área superficial específica. Esse procedimento confere grande capacidade de adsorção de íons e/ou moléculas orgânicas. 

No estudo, o carvão ativado é obtido a partir de resíduos biomássicos como, por exemplo, o bagaço de cana-de-açúcar, algas e lignina (substância presente na madeira) e, então, é aplicado no processo de dessalinização da água.
Um dos diferenciais da pesquisa é investigar a dessalinização por deionização capacitiva, uma técnica usada para a remoção de íons por eletrossorção. “A deionização capacitiva é um processo simples, que opera em baixas pressões e apresenta um baixo consumo energético, comparado à sua principal concorrente, a osmose reversa. A osmose reversa é um processo de dessalinização que envolve pressões elevadas e a utilização de membranas”, compara Ruotolo, destacando as vantagens do processo investigado.

Além da dessalinização, a pesquisa pode contribuir para o melhoramento de outros processos, que poderiam ser feitos a partir da deionização capacitiva. É o caso do abrandamento da água (ou remoção da dureza da água) que, segundo Ruotolo, consiste na remoção principalmente de íons cálcio e magnésio (responsáveis pela dureza da água), e que lhe conferem um sabor  desagradável.

Assim, o abrandamento da água melhora sua qualidade para consumo humano e, ainda, para uso em processos industriais. “O abrandamento da água também é necessário para evitar a incrustação em tubulações industriais, principalmente em caldeiras, o que poderia danificar o equipamento e até levar a acidentes graves”, exemplifica.

Bolsa de estudo
Recentemente, Zornitta, autor do estudo, foi contemplado com uma bolsa da Fundación Carolina, da Espanha, para a realização do trabalho, durante um período de 3 meses, na Universidade de Málaga. “O período na Universidade abrirá caminho para parcerias futuras e também será importante para a aprendizagem de formas de preparação e caracterização de carvão ativo em um grupo com grande expertise na área”, analisa o professor. O projeto conta também com a participação do pesquisador espanhol Julio Lado, pós-doutorando do programa Atração de Jovens Talentos do Exterior, da Capes, e que atua no Laboratório de Tecnologias Ambientais (LATEA), coordenado pelo professor Ruotolo.

A qualidade do projeto de pesquisa apresentado por Zornitta à Universidade de Málaga foi, segundo seu orientador, um dos critérios que levaram à conquista da bolsa na Espanha. O currículo do aluno e o fato de se estabelecer parcerias para a pesquisa com a instituição estrangeira também contribuíram para a conquista.

O estudo de Zornitta, em andamento, está vinculado ao grupo de pesquisa em Processos de Separação, cadastrado no CNPq e, mais especificamente, ao LATEA, do DEQ.



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