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PETROBRÁS ROMPE CONTRATO DE DUAS PLATAFORMAS DO CONSÓRCIO QGI E PODE LEVAR OBRAS PARA A CHINA



“A política de conteúdo local é o centro de uma política maior de recuperação da capacidade de investimento do nosso país. A recuperação da indústria naval é a história de uma decisão política. Nós só chegamos até aqui porque rompemos uma realidade terrível criada por alguns poucos brasileiros que diziam que não tínhamos competência para construir navios de qualidade.”

Esta frase foi dita pela Presidente Dilma Rousseff na semana passada, em Pernambuco, durante o lançamento de um navio da Transpetro. A declaração voltou a dar perspectivas ao empresariado brasileiro já cambaleante desde a apresentação de Paulo Alonso, principal assessor do presidente Bendine, em Houston, durante a OTC. Mas, pelo que é visto na prática, ou a presidente só falou da boca para fora, ou a estatal não tomou conhecimento da política de Estado do Brasil, e passa por cima das determinações da própria Presidente da República.

Decisões capitaneadas pelo gerente executivo da engenharia, Marco Túlio Pereira Machado, já levaram para o exterior todos os módulos que estavam sendo construídos pela Schahin para o FPSO Cidade de Caraguatatuba, e os 24 módulos que estavam sob a responsabilidade da IESA, em Charqueadas. Além disso, nesta semana outro projeto também foi levado para fora do Brasil, referente à integração e aos módulos dos FPSOs P-67 e P-70, que passaram das mãos da OSX e da Mendes Júnior para a Chinese Offshore Oil Engineering. A decisão criou milhares de empregos na China e deixou milhares de desempregados aqui no Brasil.

Hoje, depois de negociações com o Consórcio QGI, a estatal decidiu parar as construções das Plataformas P-75 e P-77 e relicitar toda a obra a partir do zero, deixando um rastro de problemas e desemprego. Uma decisão que já estava sendo esperada e deverá ser anunciada oficialmente nas próximas horas. As obras, que já tiveram 10 mil pessoas trabalhando, hoje têm apenas 200 homens. Outros 100 funcionários foram demitidos nesta quinta-feira (21). Os navios serão relicitados e construídos na China.

A entrega das duas unidades, que estava prevista para 2016 e 2017, agora não acontecerá nem em 2019. E o que é pior, com esta decisão, a Petrobrás proporcionará ainda um filme de terror para centenas de fornecedores do consórcio QGI. Ao não aceitar o pacto com o consórcio, nenhum fornecedor, mesmo os que já tinham entregado suas encomendas ou ainda estavam produzindo em suas fábricas, irá receber.
O fascínio pela China passa pela dependência quase subserviente da estatal em relação ao dinheiro emprestado pelo governo chinês, anunciado com pompas e circunstâncias. Não se pode comprovar se toda esta transferência de obras para os chineses está condicionada ao dinheiro emprestado, mas é estranho que, logo após o anúncio dos bilhões em empréstimos, o país asiático seja contemplado com projetos significativos para a sua indústria.

O empenho do gerente Marco Túlio em levar as obras para a China já lhe rendeu um apelido que não daria orgulho a nenhum funcionário de uma empresa vitoriosa, que passa por uma gravíssima turbulência. O apelido pode ser ouvido no âmbito dos sindicatos: Marco Túlio Ling-Ling. Justo ou não, o resultado nós só vamos ver quando as obras estiverem prontas: as multas milionárias, que poderão ser bilionárias, que a ANP vai cobrar da estatal por pisar na lei de conteúdo nacional. Uma conta que todos os funcionários da estatal responsáveis por esta política não vão pagar, mas carregarão em suas consciências o drama de milhares de famílias brasileiras que sofrerão com o desemprego no país, vendo uma China virtuosa e rica.

O Petronotícias procurou a assessoria de imprensa da Petrobrás e o próprio Marco Túlio Machado para que comentassem as questões, mas até a publicação da reportagem não obteve resposta. (Petronotícias)



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