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Petrobras quer se desfazer de ativos para arrecadar até US$ 5 bi com pré-sal

Plano é vender ao menos nove blocos. Petroleira devolve área de Caramba à ANP

Tentativa de reduzir seu endividamento e fortalecer o caixa, a Petrobras está tentando vender pelo menos nove blocos exploratórios no pré-sal entre as bacias de Campos e Santos, de acordo com uma fonte do setor. A expectativa da estatal é se desfazer de pelo menos metade de suas participações nessas áreas e arrecadar entre US$ 3,5 bilhões e, na melhor das hipóteses, US$ 5 bilhões, caso as gigantes chinesas tenham interesse pelos ativos. A maior parte dessas áreas já foi colocada à venda em 2013, quando o Bank of America havia sido contratado para intermediar as transações, que acabaram fracassando. O mesmo banco é uma das instituições que, agora, com Aldemir Bendine no comando da companhia, tenta novamente fechar algum tipo de negócio.

Na lista de desinvestimentos, estão ainda áreas em águas rasas e ultraprofundas no pós-sal, principalmente na Bacia de Campos, e térmicas pouco rentáveis para a estatal. Porém, analistas acreditam que a venda dessas áreas não será fácil, já que países como México, Gana e Moçambique têm leilões programados para este ano. Isso ocorre ao mesmo tempo em que a estatal está devolvendo áreas para a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ontem, o órgão regulador confirmou que a estatal devolveu a área de Caramba, na Bacia de Santos, em fase de exploração, que tinha a Galp como sócia (20%). É a segunda devolução neste ano, após 11 feitas em 2014.

— A Petrobras está tentando vender parte de sua fatia nas áreas do pré-sal, o que já havia tentado em 2013. Neste momento, é importante que a companhia consiga gerar caixa com o negócio. Mas vai ser menor, já que há dois anos a projeção mais otimista da estatal era arrecadar até US$ 8 bi, número bem menor que o de hoje. Esse será mais um teste para Aldemir Bendine — destacou essa fonte, lembrando que a venda está sendo conduzida pela área de Novos Negócios, ligada diretamente à presidência da estatal.

Para concretizar o negócio, foram convidadas as principais empresas estrangeiras do setor. Mas a aposta principal da estatal, disse essa fonte, é que as chinesas fechem parte dos negócios, como a CNPC e CNOOC — sócias da Petrobras na área de Libra, na Bacia de Santos —, Sinochem e Sinopec. A estatal abriu a possibilidade de vender áreas isoladas ou um conjunto delas.

GASTO MENOR COM PLATAFORMAS

Na lista de venda de ativos do pré-sal na Bacia de Santos estariam participações em áreas como as de Carcará, Júpiter e Sagitário. No pré-sal da Bacia de Campos, estariam Pão de Açúcar e outros cinco blocos exploratórios (CM333, CM401, CM417, CM473, CM535). Já no pós-sal, além de campos de águas rasas, estariam áreas exploratórias como as de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça, na Bacia de Campos.

— A Petrobras chegou a um ponto em que não há outra solução a não ser vender seus ativos. Ela não pode se endividar mais. A curto prazo, essa é a única solução, mas, a médio e longo prazos, essa estratégia pode ser equivocada — disse David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP. — Mas a companhia terá dificuldade em vender essas áreas, em um momento de petróleo mais barato, e não vai ter a mesma rentabilidade que teria anos atrás.

 

Com a venda das áreas, a Petrobras também consegue reduzir seus investimentos para a construção de pelo menos três unidades de produção (Tartaruga Verde e Mestiça, Carcará e Júpiter), que deveriam entrar em produção entre 2017 e 2019. Haroldo Lima, ex-diretor-geral da ANP, também acha que a venda de ativos não será fácil:

— Há muitas opções no mundo hoje, e o preço do petróleo mais baixo dificulta os negócios.

Procurada, a Petrobras não respondeu até o fechamento desta edição. (O Globo)



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