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Construção de novas usinas nucleares pode gerar ciclo virtuoso na economia brasileira



Eduardo Braga, Ministro de Minas e Energia.
O Brasil pode passar a viver um novo ciclo em
sua economia se a tese lançada pela ABDAN – Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – e defendida até pelo próprio Ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, for à frente. Com a necessidade de se construírem pelo menos 12 novas usinas nucleares até 2050, já admitida pelo governo, podem ser gerados milhares de empregos e criada uma virtuosa cadeia de suprimentos jamais vista no país. A viabilização desta ideia proposta pela ABDAN é a participação das empresas privadas no comando destes projetos, financiando e construindo as unidades, com a parceria fundamental da Eletronuclear, que adquiriu uma experiência robusta desde a construção de Angra 1.

O Petronotícias aproveitou a viagem do Ministro Braga à Houston, no período de realização da OTC, para ouvi-lo durante um coquetel da Bratecc. O Ministro defendeu a participação das empresas privadas liderando este projeto:

- O Brasil precisa de energia e eu defendo que essas empresas possam liderar esses projetos para viabilizá-los. As empresas têm experiência e podem contribuir muito. A Eletronuclear também tem o conhecimento e poderá ter uma participação fundamental. É uma energia limpa e estamos trabalhando nisso. Sei que há uma PEC no Congresso Nacional e precisaremos deste apoio. O Brasil passará a um outro patamar com a realização dos projetos de construção de novas usinas nucleares.

A ABDAN reúne todas as empresas brasileiras e estrangeiras que participaram e ainda participam do programa nuclear brasileiro. Seu presidente, Antônio Müller, vem fazendo gestões junto ao congresso para que o projeto de emenda à Constituição, em andamento, seja aprovado o mais rapidamente possível.

Ainda estão sendo definidas as áreas e os Estados onde essas usinas serão construídas. E isso deve ser uma bandeira levantada pelos governadores dos Estados que devem receber essas obras. Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e o Espírito Santo devem abrigar estes projetos. O amadurecimento de cada um deles deixa o governo isento de desembolsar alguns bilhões  de reais para licenciamento e produção, já que esta responsabilidade será das empresas privadas interessadas em vender energia. Para se ter uma ideia dos benefícios que estes empreendimentos podem trazer, basta clicar no VÍDEO EM DESTAQUE no canto direito da página do Petronotícias, para se conhecer melhor como as vantagens geradas por empreendimentos deste porte podem beneficiar uma região. O vídeo mostra o desenvolvimento do Vale do Tennessee, nos Estados Unidos, após a criação da Autoridade do Vale do Tennessee (Tennessee Valley Authority – TVA, na sigla em inglês), que construiu diversas usinas no local, impulsionando um enorme ciclo de crescimento para a economia da região.


Antônio Müller, Presidente da ABDAN.

Para o presidente da ABDAN, Antônio Müller, o posicionamento do Ministro é um ótimo sinal para a indústria:

 – Nós recebemos a notícia com muita satisfação. Sabendo da necessidade de capital para que as usinas sejam implantas, a participação da indústria privada será importante. E as empresas têm interesse em investir se tiverem mais de 50% de participação nos empreendimentos. É importante, claro, que haja uma parceria com a Eletronuclear, porque ela tem muita experiência e competência de operação, com sucesso, nas usinas nucleares. Mas a indústria privada precisa ter mais de 50% para que as decisões possam ser mais rápidas, refletindo menor custo e menor prazo na implantação das usinas.

Müller contou ainda que a ABDAN se reuniu com o Ministério antes das eleições de 2014, mas agora está tentando agendar um novo encontro, para dar seguimento às conversas sobre o setor nuclear.

– Acabamos de pedir uma audiência com o Ministro. Estamos muito otimistas. Queria cumprimentá-lo por essa importante decisão para o País. Além dos aspectos de custo e prazo, a usina nuclear está se tornando um grande contribuinte no mundo para reduzir a poluição ambiental. Tanto que assinamos nos últimos dias um acordo com 39 associações internacionais para reforçar globalmente a importância da fonte nuclear para uma matriz de energia mais limpa no mundo. Além disso, várias empresas internacionais, além das sócias da ABDAN, mencionaram que têm grande interesse em investir em energia nuclear no Brasil.

O presidente da ABDAN lembrou ainda que os Estados Unidos estavam há mais de 30 anos sem construir usinas nucleares, e agora estão fazendo cinco novas. “Antigamente, o programa de energia nuclear deles se chamava ‘Átomos para a paz’. Hoje mudou para ‘Átomos para a prosperidade’”, contou, ressaltando que atualmente há mais de 70 usinas nucleares sendo construídas no mundo.


Carlos Leipner, vice-presidente da Westinghouse para a América Latina.

O vice-presidente da Westinghouse para a América Latina, Carlos Leipner, acredita que ainda é preciso esperar para ver como o País poderia levar adiante o projeto de participação privada nas usinas, mas também está otimista com o posicionamento do Ministro, principalmente em função do anúncio de que o Governo planeja incluir 12 novas usinas nos projetos energéticos até 2050.

– Há muita coisa que ainda não se sabe sobre o processo que o Brasil vai desenvolver para a implantação dos novos projetos nucleares. No mundo, não há um forte histórico de leilões e concessões que tenham levado a projetos bem-sucedidos de usinas nucleares, mas teremos que esperar para ver as decisões que o governo acabará tomando. No entanto, as recentes declarações do ministro Eduardo Braga reforçando o compromisso do Brasil com a expansão da geração nuclear são muito positivas. As novas centrais nucleares desenvolvidas com a abordagem certa permitirão ao Brasil reforçar a segurança de seu abastecimento energético, alinhado com o crescimento da demanda.

Leipner ressaltou o avanço do projeto AP1000, da Westinghouse, que vem sendo implantado em diversos países pelo mundo, incluindo quatro usinas nos Estados Unidos e quatro unidades na China, reiterando a importância do processo de escolha da tecnologia a ser utilizada nos novos projetos brasileiros.

– Acreditamos que uma forte parceria entre o governo, o fornecedor de tecnologia e parceiros locais é a melhor forma para o êxito do desenvolvimento de novos projetos nucleares. O papel das agências governamentais em áreas fundamentais como asegurança de unidades nucleares e as garantias financeiras não pode ser negligenciado. A segurança adicional pode ser alcançada através da escolha da tecnologia a ser utilizada. Projetos que utilizam a tecnologia AP1000, por exemplo, oferecem um elevado grau de certeza devido à extensa experiência de entrega da Westinghouse, à forte certificação de licenciamento da usina e à sua integração de componentes comprovados com novas tecnologias inovadoras. Combinados em conjunto, esses fatores proporcionam confiança no desenvolvimento bem sucedido e na entrega de projetos de novas plantas.

Além disso, o executivo destacou a importância do mercado brasileiro para a Westinghouse e disse que a companhia está à disposição para participar dos projetos.

– O Brasil, juntamente com outros países da América Latina, continua a ser um mercado-chave de interesse para a Westinghouse. A empresa tem uma longa história de envolvimento na indústria brasileira, começando com a construção de Angra 1. Continuamos muito ativos no país hoje, fornecendo apoio técnico para a operação segura e confiável de usinas de Angra da Eletronuclear, bem como de engenharia, componentes do combustível nuclear e materiais para as Indústrias Nucleares do Brasil. A Westinghouse está pronta para trabalhar com o governo brasileiro e os parceiros locais para adicionar esta importante nova capacidade nuclear ao mix de energia do país.

Maurício Bähr, presidente da Engie no Brasil.
Outra empresa interessada em participar dos novos projetos nucleares brasileiros é a GDF Suez, que mudou de nome e agora passou a se chamar Engie. O grupo possui cerca de 6 GW de geração nuclear instalada na Europa e está desenvolvendo projetos em parceria com outras empresas na Turquia e na Inglaterra, sendo que o Brasil é um mercado de grande interesse para a companhia. O presidente da Engie no Brasil, Maurício Bähr, afirmou que o grupo dispõe de capital e técnica para entrar no mercado nacional de energia nuclear e espera apenas que o governo brasileiro abra esta oportunidade para a iniciativa privada.

– Temos interesse crescente no Brasil. Para tal, o governo precisaria sinalizar com aspectos regulatórios adequados, no longo prazo, para que se possa aproveitar racionalmente o seu potencial.

Em 2009, o grupo firmou um acordo com a Eletrobrás para troca de informações na área nuclear, incluindo o intercâmbio de experiências na operação de plantas nucleares, tecnologia e design, além de mecanismos de controle e financiamento e capacitação de recursos humanos. A ampliação dessa parceria e do programa nuclear brasileiro é vista como um avanço por Bähr.

– A capacidade de armazenamento de energia no Brasil vem se deteriorando a cada ano, trazendo vulnerabilidade para a oferta, cada vez mais dependente diretamente da hidrologia. Para sair dessa situação, temos que inserir energia de base, confiável, não emissora de CO2 e com o mais baixo custo de combustível entre as térmicas convencionais. E a energia nuclear é apropriada neste momento.


Ivan Dybov, vice-presidente da Rusatom International Network.

A estatal russa Rosatom também tem demonstrado bastante interesse no mercado de energia nuclear brasileiro, onde passou a aumentar sua presença recentemente. O vice-presidente da Rusatom International Network, Ivan Dybov, contou que a empresa tem disputado muitos leilões de usinas nucleares pelo mundo, ressaltando o espaço que eles costumam dar para a participação da indústria local nos projetos.

– A Rosatom tem participado em concorrências e processos deste tipo em outros países. Exemplos incluem a participação na concorrência para a construção das unidades 3 e 4 de central nuclear de Temelín, na República Tcheca. A proposta que fizemos foi única. Não é só a tecnologia mais avançada com uma combinação de sistemas de segurança ativa e passiva, que atendem a todos os requisitos pós-Fukushima, mas também tem um nível sem precedentes de participação de empresas locais no projeto – mais de 70%. Recentemente, a companhia também ganhou concorrência para o projeto preliminar de um reator de pesquisa na Indonésia.

Dybov comentou a sua visão sobre a importância de novos projetos nucleares serem implementados no Brasil, tendo em vista o reforço da segurança energética do país.

– Para o desenvolvimento da economia brasileira, o país precisa de fontes de energia confiáveis ​​e estáveis, com um custo previsível de eletricidade. Criar a base necessária para gerar eletricidade permitirá o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica. Com a construção de usinas nucleares, o país não terá apenas uma fonte poderosa e limpa de energia por quase 100 anos, mas também terá um impacto no desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia, nos setores de construção, serviços, educação e, consequentemente, na economia como um todo.

O executivo disse ainda que a empresa está à disposição do Brasil para participar da construção das novas usinas, afirmando ainda que a estatal russa está aberta a contratos que envolvam transferência de tecnologia. Além disso, destacou que tem interesse em criar laços com a indústria de construção e montagem brasileira, podendo estendê-los a projetos da companhia inclusive em outros países.

– O Brasil tem uma experiência bastante impressionante no domínio da energia nuclear e profissionais altamente qualificados, o que é reconhecido em todo o mundo. A Rosatom tem interesse ​em estabelecer uma estreita cooperação com as empresas brasileiras no desenvolvimento da indústria de energia nuclear do país.

Durante a execução dos projetos de grande escala, a Rosatom oferece uma parceria estratégica que pode incluir a transferência de tecnologias e a participação de empresas brasileiras na implementação de projetos da corporação ao redor do mundo. Por exemplo, a empresa vê um grande potencial para a cooperação com empresas de engenharia e construção no Brasil. Por um lado, isto permite um alto nível de participação e demandas para empresas locais na construção de usinas de energia nuclear no Brasil, mas, por outro, também dará às empresas a experiência e perspectivas de cooperação em outros projetos da Rosatom, não só na América Latina, mas em todo o mundo.

A Rosatom está pronta para qualquer decisão do Governo do Brasil, no âmbito do programa de construção de usinas nucleares e, no caso de um leilão, a empresa está pronta para oferecer a melhor oferta com base na tecnologia de geração de energia nuclear III +, cumprindo todos os requisitos de segurança pós-Fukushima, respondendo a todos os requisitos técnicos do projeto. (Petronotícias)



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