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Usinas farão novo reajuste do aço em maio


Após reajustes de preços de 10% a 12% no início de abril em aços planos, as siderúrgicas vão aplicar novo aumento, de dois dígitos, em maio. Segundo informações de consumidores, o grupo ArcelorMittal, maior fabricante local, informou a seus clientes que vai elevar em 13% os preços dos produtos planos vendidos pela ArcelorMittal Tubarão.

O Valor apurou que a Usiminas também aplicará aumento de 14% para o segmento da distribuição. No momento, está em negociações com clientes industriais ­ linha branca, autopeças, tubos e máquinas e equipamentos ­, para aplicar no início de maio, o reajuste de 10% a 11% feito para o setor da distribuição. Conforme informações, as concorrentes CSN e Gerdau também deverão seguir as duas outras fabricantes aços planos.

O argumento usado é que a cotação do aço no mercado internacional, puxado principalmente pela China, teve alta de 61% desde o fim do ano passado. A tonelada da bobina laminada a quente, referência do mercado, passou, desde então, de US$ 260 para US$ 420.

Procurada, a Usiminas informou que não comenta o assunto por estar em período de silêncio. A empresa divulga seu balanço no dia 25. A CSN também não comenta a informação. A ArcelorMittal declarou que não fala sobre sua política comercial.

Com esse cenário, apesar da desvalorização do dólar, o prêmio cobrado pelas usinas no Brasil continua negativo em relação ao preço do aço importado, já internado. Ao mesmo tempo, as matérias­primas do aço, como o minério de ferro e carvão, são dolarizadas e também tiveram altas, impactando os custos das usinas. Isso abre espaço para reajustes, explicou uma fonte do setor.

O Valor apurou que a ArcelorMittal Tubarão está exportando bobina a quente para países da América Latina a US$ 420 a tonelada, preço FOB, preço superior ao que tem praticado no Brasil.

O aumento aplicado no início de abril pelas siderúrgicas, informou uma fonte, já foi engolido por novas altas do aço no último mês ­ nos EUA, US$ 70 a tonelada. Os reajustes vão atingir consumidores de construção civil, máquinas e equipamentos, tubos e autopeças. Ficam de fora montadoras de automóveis, que têm contratos anuais com as usinas.

Devido a essa perspectiva de reajuste de preços, que reforça o combalido caixa das siderúrgicas locais, ontem as ações da CSN tiveram alta de 9,91%, a R$ 13,30. O aumento do preço do minério, para US$ 62,85 a tonelada, também contribuiu. Os papéis de Usiminas (PNA) e Gerdau subiram 10,62% e 9,18%, respectivamente.

O mercado brasileiro de aço continua deprimido com a retração de demanda nos principais consumidores devido à crise econômica, e política, do país. As vendas de aço plano poderá mostrar ligeira recuperação neste mês, na comparação com um ano atrás, segundo projeção do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Conforme boletim da entidade, a comercialização em abril deverá alcançar 271 mil toneladas, 0,8% superior em relação ao volume de 268,7 mil de um ano atrás. Em relação a março deste ano, no entanto, a previsão é ainda de queda de 7%.

Esse índice poderá mudar, dependendo se as empresas da rede quiserem aproveitar para comprar antes do novo aumento de preços. Isso se verificou em março, na última semana, disse Carlos Loureiro, presidente do Inda.

As vendas em março atingiram 291,4 mil toneladas, recuo de 5% na comparação com mesmo mês de 2015. Os estoques da rede fecharam em 906,8 mil toneladas, igual ao de fevereiro. As importações recuaram 65,3%, para 50,5 mil toneladas, devido a dois fatores: o câmbio e a crise brasileira.

Segundo dados do Inda, o consumo aparente do país somou 1,92 milhão de toneladas no trimestre, queda de 34,3% ante mesmo período do ano passado. “Em chapa grossa, a retração chegou a 55%, o que mostra o desabamento dos investimentos em infraestrutura, pois é aço usado em máquinas diversas e agrícolas e outros equipamentos pesados”, afirma Loureiro. (Valor Econômico)



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