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Plástico no Offshore: Riquezas do pré-sal abrem novos campos de uso para os plásticos de alto desempenho



Bastante severas, as condições de temperatura, pressão e agressividade química do ambiente em que se situam as camadas do pré-sal vão exigir muito mais dos materiais aplicados nos equipamentos de exploração e produção, em relação ao processo offshore atual. Enquanto este desce mar adentro entre dois e quatro quilômetros, a camada do pré-sal atinge profundidades da ordem de sete a oito quilômetros. O descobrimento dessas riquezas abre novas perspectivas e uma oportunidade ímpar para os polímeros de engenharia e para os de alta performance. Privilegiados com propriedades como alta resistência térmica, química, à corrosão e ao impacto, eles podem cumprir especificações análogas ou até superiores àquelas conferidas pelos metais.

O elevado desempenho aliado à leveza do material polimérico oferece benefício particular na composição de equipamentos para uso em águas profundas, pelo agigantamento dos seus portes. “Com o início das atividades na camada do pré-sal, o uso de plásticos em alguns equipamentos para exploração e produção offshore vem crescendo”, testemunha Mariana Guercia, research analist of chemical, materials and foods, da consultoria Frost & Sullivan.

Petróleo & Energia, Além de muito leves, fibras de PEUAPM resistem a altas pressões

Além de muito leves, fibras de PEUAPM resistem a altas pressões

De acordo com seus estudos, a principal demanda é por dutos flexíveis e semiflexíveis, por onde escoam o petróleo e o gás produzidos nos poços até a plataforma. “Tradicionalmente feitos de aço, os risers podem se deteriorar quando submetidos a condições extremas de pressão e temperatura, grandes profundidades, permanentes ações dinâmicas das ondas e sob o constante movimento da plataforma”, afere.

Os risers que têm resinas na sua composição, segundo compara Mariana, além de serem cerca de 50% mais leves em relação aos de metal, conseguem atingir uma profundidade 30% maior, sem a necessidade de modificar a estrutura da plataforma. Ela ainda lembra as melhores propriedades de isolação térmica, resistência à fadiga e à corrosão dos termoplásticos. “Os risers poliméricos apresentam maior tempo de vida útil e colaboram para reduzir o custo da estrutura de exploração e produção como um todo”, defende.

Além dos risers, a área de óleo e gás pode usufruir dos benefícios dos plásticos em inúmeras outras aplicações, entre as quais a pesquisadora aponta tubulações gás-água; linhas de coleta, de transmissão, de reinjeção, e de injeção de água; revestimento de tubos; tubos de produção; tubulações de perfuração e submersas; umbilicais; cabos submarinos; equipamentos de monitoração; linhas de amarração; linhas de fluxo (flowlines), on e offshore; e mangueiras e tubulações de alta pressão.

O presidente da Associação Brasileira de Polímeros (ABPol), Dellyo Alvares, nota que as resinas precisam atender a duas condições indispensáveis: apresentar uma relação custo/benefício competitiva em relação a outras soluções alternativas existentes e atender às exigências das rigorosas normas técnicas e de especificação, normalmente requeridas por essa indústria.

Ele lembra que os materiais sujeitos às condições severas das elevadas profundezas de exploração do pré-sal precisam suportar não só os atributos de resistência química, altas pressões e temperaturas. “Existe, além desses requisitos, um conjunto muito grande de outros fatores ou propriedades exigidos para a aplicação das resinas e de outros materiais, tais como metal, cerâmica etc.”, pondera, lembrando que, qualquer que seja a natureza do material empregado, sempre haverá limitações no seu uso.

Tanto assim, em muitos casos, a solução passa pelo uso conjunto dos polímeros com outros materiais. “Desta forma, não há normalmente uma solução única em termos de material que possa ser adotada amplamente, pois nestes segmentos, principalmente, é muito comum que os materiais precisem atender simultaneamente a vários requisitos ou funções; portanto, muitas vezes, a melhor, ou a única solução, se traduz na composição de materiais de diversas naturezas.”

Segundo observa o presidente da entidade, a indústria de exploração offshore emprega notadamente compósitos ou resinas desenvolvidos taylor made, com formulações criadas para atender às demandas tecnológicas específicas e bastante diferenciadas do setor. “Isto implica, de uma maneira geral, que as resinas devem apresentar elevado grau de conteúdo tecnológico, o que requer, portanto, empresas com este perfil de produtos no seu portfólio, e ao mesmo tempo capazes de dar suporte tecnológico no desenvolvimento, aplicação e manutenção deste tipo de material”, aponta. (Petroleo e Energia)



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