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Itaipu faz voo histórico e coloca no ar o 1º avião elétrico tripulado da América Latina


“Nós hoje estamos nos sentindo como Santos Dumont, quando fez o primeiro voo com o 14 Bis”, afirmou o diretor de Itaipu, Jorge Samek

A  Itaipu Binacional e a empresa ACS Aviation, de São José dos Campos (SP),  colocaram  no  ar, nesta terça-feira (23), o primeiro avião elétrico tripulado  da  América  Latina. O voo inaugural e a apresentação oficial da aeronave,   batizada   de  Sora-e,  ocorreram  na  pista  do  aeroporto  da binacional,  localizada  na  margem  paraguaia  da  usina,  no município de Hernandarias.

O  engenheiro Alexandre Zaramella, sócio-diretor da ACS Aviation, foi o piloto responsável pelo voo histórico, de apenas cinco minutos de duração –  o  suficiente  para  situar  o  Brasil  e  o  Paraguai  na  vanguarda do desenvolvimento tecnológico de aeronaves tripuladas com propulsão elétrica. A apresentação foi acompanhada do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge  Samek;  pela  diretora  financeira executiva da Binacional, Margaret Groff;  pelo  diretor  técnico  executivo,  Aírton Dipp; e pelo coordenador brasileiro do Programa Veículo Elétrico (VE), Celso Novais.

 O  Sora-e  decolou  exatamente  às  14h28  (horário  de  Brasília)  e sobrevoou  o  entorno  do  reservatório  da  usina Itaipu. Às 14h33, tocava novamente a pista do aeroporto, exatamente como previsto no plano de voo. “Nós  hoje  estamos  nos  sentindo  como  Santos Dumont, quando fez o primeiro  voo  com  o  14  Bis.  [Na  época]  Ninguém acreditava, mas era o primeiro  passo  de  uma  grande  caminhada.  Por  isso,  este  é  um teste vitorioso, que mostra a viabilidade do processo”, avaliou Jorge Samek. Segundo ele, as pesquisas com o avião elétrico reforçam o compromisso do  Brasil e do Paraguai de desenvolver tecnologias limpas e “mostram que é possível  compatibilizar o desenvolvimento, a geração de emprego, a vida do planeta e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente”.

Margaret  Groff  lembrou  que  Itaipu  já  é  referência  na  área de mobilidade  elétrica sustentável, com carros, ônibus e caminhões elétricos, e  também  no desenvolvimento de sistemas inteligentes de armazenamento de energia  e  de monitoramento de frotas. Agora, torna-se referência no setor aeronáutico. “O  avião   representa   mais   um   passo   que  estamos  dando  no desenvolvimento  de protótipos elétricos. E é uma inovação até mesmo para a América  Latina. Todo esse trabalho serve de base para as nossas pesquisas, especialmente  no  desenvolvimento  de  componentes para a indústria. Nossa meta é fortalecer a indústria nacional na área de mobilidade”, afirmou.

Alexandre  Zaramella  comemorou  o  voo  e  lembrou  que Itaipu e ACS partiram  do zero para desenvolver a nova tecnologia. “Conseguimos em pouco tempo o desenvolvimento completo da aeronave. E o voo foi muito bom, dentro do esperado e de forma tranquila”, avaliou. Ainda  segundo ele, “o Sora-e é mais silencioso e a resposta do motor elétrico  é  mais rápida do que no sistema a combustão”. Zaramella destacou também  a  “curva  de  torque”,  ou seja, a resposta do avião ao comando de potência do piloto. “Essa é a grande diferença”, disse, na comparação com o avião convencional. “O avião elétrico está mais na mão.”

Sobre o Sora-e
Desenvolvido pelas equipes técnicas de Itaipu e da ACS, o Sora-e está equipado  com  dois  propulsores  Enrax,  de  35  kW cada um, fabricados na Eslovênia,  e seis packs de baterias de lítio íon polímero, totalizando 400 volts. O  modelo  pode  levar  duas  pessoas  (piloto  e  passageiro)  e tem autonomia  de  45  minutos  de  voo,  expansível  para uma hora e meia, com velocidade de cruzeiro de 190 km/h e velocidade máxima de 340 km/h.

A  estrutura  é  de  fibra  de  carbono  e a hélice foi fabricada nos Estados  Unidos,  pela  empresa Craig Catto, atendendo as especificações do projeto.  São  8 metros de envergadura (de uma ponta a outra da asa) e peso total de 650 quilos. As  pesquisas  para desenvolver o Sora-e começaram em 2012, dentro do Programa  VE  de  Itaipu,  em  parceria com própria ACS Aviation e a Finep, vinculada  ao  Ministério  da  Ciência,  Tecnologia  e  Inovação. A base do projeto  foi  o  modelo  esportivo  acrobático  ACS-100  SORA,  com motor a combustão, produzido pela empresa paulista. Os  testes  de  bancadas  e simuladores foram feitos em agosto do ano passado  no  Centro  de  Pesquisa,  Desenvolvimento  e Montagem de Veículos Movidos  a  Eletricidade  (CPDM-VE)  de Itaipu. Já os ensaios em solo foram concluídos em dezembro, em São José dos Campos.

O primeiro voo de avaliação técnica, fechado para a imprensa, ocorreu no  dia 18 de maio, também em São José dos Campos, com a presença da equipe técnica  de  Itaipu.  O  modelo  foi  certificado  pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na categoria Pesquisa e Desenvolvimento.

Materiais compostos
De  acordo  com  Celso  Novais,  o  interesse  de Itaipu no projeto é aprofundar   os   estudos   sobre   materiais  compostos  usados  no  setor aeronáutico,  considerados fundamentais para a redução do peso dos veículos elétricos. Quanto menor o peso, maior a autonomia. “O  avião  é  um meio de transporte em que o peso é determinante. Por isso,  esse  know-how  nos  ajudará  a  encontrar  soluções para melhorar a autonomia dos nossos veículos elétricos”, comentou.

Para a ACS Aviation, um dos objetivos do projeto é viabilizar modelos elétricos  comerciais  e ajudar a impulsionar este mercado. Zaramella disse que  o  maior  desafio  do  setor,  hoje,  é desenvolver baterias com maior densidade, para aumentar a autonomia dos modelos elétricos. “A gente espera que  em  cinco  ou dez anos já tenhamos baterias para aviões com até quatro ocupantes.”

Família de elétricos
O  Sora-e  é o novo integrante da família de elétricos de Itaipu, que desde  2006  desenvolve o Programa VE, em parceria com várias companhias do Brasil  e  do  exterior.   Neste  período,  a  empresa já montou mais de 80 protótipos  elétricos,  a  metade  incorporada à própria frota e o restante destinado a parceiros do programa. As  linhas  de  pesquisa  do  VE incluem carros de passeio, caminhão, utilitário e ônibus, todos equipados com motor elétrico. A  empresa  ainda  mantém  uma  oficina  para  montagem dos compactos elétricos modelo Twizy, em parceria com a Renault, e trabalha no projeto da bateria  de  sódio  nacional, com recursos da Finep e parceria com o Parque Tecnológico  Itaipu  (PTI).  Outro  projeto  é  na área de armazenamento de energia, em conjunto com o Exército brasileiro.

Há  um ano, Itaipu também desenvolve, em parceria com o Centro para a Excelência  e  Inovação  na  Indústria  Automóvel  (Ceiia),  de Portugal, o Programa  de Mobilidade Inteligente (Mob-i), com projetos-pilotos em Foz do Iguaçu, Curitiba e Brasília. Além de carros elétricos, o Mob-i conta com postos para abastecimento (os eletropostos) e utiliza a plataforma Mobi.me, aplicativo que fornece em tempo  real indicadores como o dinheiro poupado em abastecimento, o CO2 que deixou de ser emitido na atmosfera e o número de quilômetros rodados.

 

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