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Demanda por produtos químicos fecha 1º quadrimestre de 2015 em queda


Vendas internas e importações também registraram recuo no mesmo período

 

De acordo com levantamento preliminar do departamento de Economia e Estatística da Abiquim, o consumo aparente nacional (produção + importação – exportação), importante medida do comportamento da demanda doméstica, apresentou de janeiro a abril de 2015 uma retração de 0,9% sobre os quatro primeiros meses do ano passado. Nesse mesmo período, as importações caíram 11,2%, enquanto as vendas ao mercado interno de produtos fabricados no país exibiram queda de 1,77%. Segundo informações do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC), parte expressiva desse comportamento negativo está associada à redução da atividade econômica nacional. Na avaliação da diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a possível substituição de produtos químicos por produtos importados acabados tem sido fator de preocupação para o setor: “Alguns clientes dessas cadeias estão tendo muita dificuldade de comercialização e alguns, inclusive, estão com estoques elevados e planejando férias coletivas, em um período totalmente atípico, em que geralmente se concentra o maior volume de vendas e produção do ano”, alerta a diretora.

No 1º quadrimestre do ano, sobre iguais meses de 2014, as exportações dos produtos do RAC tiveram alta expressiva de 17%, em volume. Vale lembrar que, por ser um segmento que opera em processo contínuo, é muito difícil reduzir a produção, ainda que a demanda interna esteja baixa. Nesses casos, a procura por mercados alternativos para os quais as empresas possam elevar suas exportações, ainda que não remuneradas adequadamente, é um caminho natural para, pelo menos, manter-se a atividade em níveis seguros de produção. Sendo assim, o índice de produção apresentou elevação de 2,1% nos primeiros quatro meses do ano, sobre igual período de 2014. Cabe destacar ainda a volta de plantas que realizaram paradas programadas para manutenção em meses anteriores, puxando o índice para cima, em razão da fraca base de comparação. O nível de utilização da capacidade instalada ficou em apenas 79% na média dos quatro primeiros meses de 2015, taxa dois pontos, no entanto, superior à de igual período do ano passado. No que se refere ao índice de preços, houve deflação de 2,96% no acumulado de janeiro a abril, sobre o mesmo período do ano anterior.

Na comparação dos últimos 12 meses, de maio de 2014 a abril de 2015, sobre os 12 meses imediatamente anteriores, os índices de produção e de vendas internas tiveram queda de 1,59% e 3,99%, respectivamente. O índice de preços também caiu nos dois primeiros meses do ano, especialmente pela queda de preços no mercado internacional, com resultados de -0,83% em janeiro e de -8,93% em fevereiro. Porém, o índice voltou a apresentar elevações em março e em abril, com resultados de +3,51% e de +8,09%, respectivamente. Com isso, a variação nominal de preços acumulada de 12 meses é de +1,90%. Descontados os efeitos da inflação (levando-se em consideração o IPA-Indústria de Transformação, da FGV), os preços médios reais do segmento de produtos químicos de uso industrial caíram 3,1% no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em abril (resultado de um índice de preços nominal do setor de +1,90% e de um IPA-Indústria de Transformação de +5,2%). Se for utilizado o dólar como deflator, os preços reais estão 23,9% abaixo do que foram nos últimos 12 meses anteriores (e já haviam ficado 5,4% abaixo em 2014, especialmente pela desvalorização do real frente ao dólar). Como a maioria dos produtos químicos são commodities, os preços no mercado interno acompanham as oscilações e flutuações ocorridas no mercado internacional.

Na opinião de Fátima Giovanna Coviello Ferreira, o cenário de curto prazo é de muita precaução e várias incertezas, mas afirma que a indústria química deve trabalhar com uma visão de longo prazo. “O setor carece de ações que possam estimular as atuais plantas ao retorno da operação, bem como medidas mais estruturantes, que possam atrair novos investimentos. Ter uma indústria química forte é sinal de desenvolvimento e o Brasil não pode perder essa oportunidade. O país possui vocação natural para a química e é fundamental agregar valor à riqueza de recursos naturais, melhorando a pauta brasileira de exportações, além de contribuir para um desenvolvimento mais sustentável. Nesse aspecto, a química, sem dúvida, é a parceira ideal”, conclui a diretora de Economia e Estatística.



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