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Produtos químicos apresentam desempenho ruim no primeiro trimestre


Houve queda na produção, nas vendas e na demanda interna por químicos de uso industrial nos três primeiros meses do ano.

Com base nos dados levantados pela Equipe de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a diretora da área, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, conclui: “o desempenho dos produtos químicos de uso industrial foi nada animador no primeiro trimestre de 2015”. Conforme informações preliminares, tanto os volumes de produção e de vendas internas quanto de consumo aparente nacional (CAN) – importante medida da demanda interna por químicos de uso industrial –, tiveram recuos. A produção caiu 1,87% no acumulado dos três primeiros meses do ano, em comparação com igual período do ano anterior, enquanto as vendas internas declinaram 1,05%. Além disso, houve redução de 0,4% na demanda por produtos químicos nos primeiros três meses do ano, na mesma comparação.

As importações também apresentaram valores negativos, com queda de 5,7% em igual período. De acordo com Fátima Giovanna, a parte mais expressiva dessa retração está associada à redução da atividade econômica nacional e, em menor proporção, às paradas – programadas ou não – para manutenção nas fábricas. Tanto a produção quanto as importações caindo simultaneamente preocupam a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, pois, segundo ela, “pode estar havendo substituição da demanda de químicos por produtos importados acabados”. Entretanto, o índice que mais chama a atenção é o recuo da demanda. “Está muito difícil a situação de competitividade dos segmentos mais expostos ao mercado internacional. A elevação dos custos de produção no mercado interno, associados aos custos da energia e das matérias-primas, bem como as deficiências logísticas e a alta carga tributária, têm impactado esses setores e não tem sido diferente com a química”.

Na comparação dos últimos 12 meses, de abril de 2014 a março de 2015, os índices de produção e de vendas internas também apresentam desaceleração: a produção caiu 3,75% e as vendas internas, 4,14%. O CAN por produtos químicos registrou alta de 0,9% nos últimos 12 meses, até março de 2015, na comparação com os 12 meses anteriores. A participação das importações sobre o CAN atingiu 35,3%, nesse período.

Para Fátima Giovanna, o cenário de curto prazo é de muita precaução e várias incertezas, mas a química precisa trabalhar com uma visão de longo prazo. “O setor carece de medidas estruturantes, que possam atrair novos investimentos. Mas, para sobreviver aos próximos anos, os pontos de maior relevância a serem equacionados em curto e médio prazos são a adoção de uma política para o uso do gás natural como matéria-prima, além da segurança no fornecimento da energia elétrica e tarifa mais atrativa para a produção industrial. A solução dessas questões é fundamental para que o País aproveite as oportunidades de que dispõe para agregar valor à riqueza de recursos naturais, melhorando a pauta brasileira de exportações, além de contribuir para um desenvolvimento mais sustentável”, conclui a diretora da Abiquim.

Recorde negativo de utilização da capacidade instalada
A média de utilização da capacidade instalada da indústria química atingiu o nível mais baixo da história em 2014, registrando 79%. De acordo com a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna, o nível padrão de utilização para estimular investimentos e reduzir a frequência de paradas para manutenção – que geram custos adicionais – fica entre 87% e 90%. “A ociosidade elevada é justificada pela falta de competitividade do produtor nacional, que tem perdido cada vez mais espaço para o importado. Em 2014, além do recorde de ociosidade, destaca-se também o mais alto nível de participação das importações sobre a demanda, de 35,7%”, observa a diretora. Ela complementa ainda que os químicos de uso industrial apresentaram sobrecapacidade de oferta em 2014 e, por isso, possuem espaço para elevar a produção. “Esse é um ponto importante, pois as empresas só conseguirão planejar novos investimentos a partir do momento em que essa ociosidade se reduzir”.

A Abiquim acompanha o índice de utilização da capacidade instalada da indústria química brasileira desde 1996. O indicador representa uma importante ferramenta de análise do nível de atividade da indústria de transformação, além de servir como parâmetro para uma visão de planejamento de longo prazo. Os resultados indicam quanto do parque industrial está efetivamente em operação e se um determinado segmento tem condições de atender, no curto prazo, saltos de demanda. Além disso, dependendo do nível de utilização da capacidade instalada, ou da ociosidade, é possível verificar se um determinado setor está ou não competitivo.



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