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Uso de matérias-primas renováveis em tintas é destaque em trabalhos vencedores do 15º Prêmio ABRAFATI


Pesquisadores ligados a instituições de ensino e a empresas do setor estudaram soluções que trazem ganhos do ponto de vista da sustentabilidade e que também resultam em melhorias nas propriedades de tintas e vernizes.

No dia 11 de dezembro, foi entregue o Prêmio ABRAFATI de Ciência em Tintas aos autores de três estudos que se destacaram pelo elevado nível técnico e pela preocupação com a sustentabilidade. O prêmio, que está em sua 15ª edição, é promovido pela ABRAFATI – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, sendo reconhecido como o mais importante em seu gênero do País.
O primeiro lugar foi conquistado por um grupo de pesquisadores da Escola de Engenharia de Lorena, da Universidade de São Paulo, que elaborou um inovador trabalho sobre o uso de biomassa como aditivo para tinta látex, resultando em sustentabilidade ambiental e melhoria nas propriedades acústicas e da propagação de chamas do produto. Os autores do trabalho foram os professores Adilson Roberto Gonçalves, Angelo Capri Neto e Maria da Rosa Capri, a doutoranda Fernanda de Carvalho Oliveira e o aluno de graduação Alessandro Costa Pinto.
A segunda colocação coube ao trabalho apresentado por Camila da Mata Silva, Daniele Ferreira de Figueiredo (ambas da AkzoNobel) e Natália Akemi Sasaki Santana, sob a orientação do professor Leo Kunigk, do Instituto Mauá de Tecnologia. O estudo apresentado verificou a viabilidade da utilização de extrato alcoólico de neem como agente antifúngico em tintas decorativas à base de água, substituindo compostos de alta toxicidade.
Em terceiro lugar ficou William Hiroyuki Naruto Osuka, recém-formado pela Escola Senai Mario Amato, orientado pelo professor Fernando Codelo Nascimento. O tema do trabalho foi o uso de um polímero vegetal natural como agente espessante e fosqueante para verniz aplicado em madeira, em substituição a cargas minerais.
“Nesta edição, tivemos uma forte participação de pesquisadores ligados a instituições de ensino, o que é muito importante para impulsionar a necessária interação entre academia e indústria. Os trabalhos apresentados têm conteúdo muito relevante e estão alinhados à orientação da cadeia de tintas de se tornar cada vez mais sustentável, trazendo uma contribuição significativa”, afirma Dilson Ferreira, presidente-executivo da ABRAFATI.

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Resumo do trabalho premiado em 1º lugar
Título: Biomassa como aditivo para tinta látex: sustentabilidade ambiental e melhoria nas propriedades acústicas e da propagação de chamas do produto
Autores: Adilson Roberto Gonçalves, Alessandro Costa Pinto, Angelo Capri Neto, Fernanda de Carvalho Oliveira e Maria Rosa Capri
O estudo avaliou formulações de tinta látex contendo bagaço e palha de cana quanto a propagação de chama, absorção de som e textura da película acabada. O produto obtido apresentou propriedades retardantes de chama, levando até 8 segundos para iniciar a chama, comparado a menos de 1 segundo da tinta original. O tempo total de queima das amostras também foi aumentado, mostrando que a introdução de fibra natural cria uma barreira à propagação de chama. Isso pode ser devido à compactação resultante da película final ou das propriedades térmicas da biomassa. A tinta obtida apresentou também um aumento significativo de absorção de som (15 dB) em relação à tinta sem aditivos (10 dB). Lignina obtida do tratamento da biomassa original foi avaliada na obtenção de resinas do tipo fenol-formaldeído, mostrando sua viabilidade para alguns tipos de aplicação. Foi obtido um produto inovador, de baixo custo e menor impacto ambiental com propriedades não usuais neste tipo de tinta.

Resumo do trabalho premiado em 2º lugar
Título: Estudo da viabilidade da utilização de extrato alcoólico de Neem como agente antifúngico em tinta decorativa base água
Autoras: Camila da Mata Silva, Daniele Ferreira de Figueiredo e Natália Akemi Sasaki Santana
Orientador: Prof. Dr. Leo Kunigk
O objetivo do estudo foi verificar a eficiência do extrato alcoólico de Neem na inibição do crescimento do fungo Aspergillus niger e estudar a aplicabilidade desse extrato como agente antifúngico em tintas decorativas à base de água, substituindo compostos de alta toxicidade. Ensaios com os álcoois metílico, etílico e isopropílico mostraram que extratos alcoólicos são mais eficientes que os respectivos álcoois isoladamente na inibição do crescimento do bolor. Observou-se que nos testes in vitro os extratos alcoólicos de Neem foram eficientes na inibição do crescimento de Aspergillus niger. Os melhores resultados foram obtidos utilizando 5% em massa de Neem em álcool etílico e 3% em massa de Neem em álcool isopropílico. Entretanto, quando extrato alcoólico de Neem a 5% em álcool etílico foi aplicado à tinta, a inibição não foi observada.

 

Resumo do trabalho premiado em 3º lugar
Título: Uso de polímero vegetal natural como agente espessante e fosqueante para verniz aplicado em madeira
Autor: William Hiroyuki Naruto Osuka
Orientador: Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento
O estudo objetivou utilizar um polímero vegetal natural como agente espessante e fosqueante em vernizes para madeira. Foram desenvolvidas amostras de verniz para madeira com 1%, 3%, 5% e 10% de polímero vegetal, sendo feita a caracterização do brilho, opacidade, tempo de secagem, teor de sólidos, resistência a intempéries e por fim novamente o brilho após quatro meses de exposição.
Os resultados obtidos indicam que o polímero vegetal pode ser uma alternativa para substituição de cargas minerais, uma vez que as amostras com 3%, 5% e 10% apresentaram valores abaixo de 80 UB, comprovando que o verniz pode ser enquadrado como fosco.
Além desse resultado, a utilização do polímero gerou um pequeno aumento do teor de sólidos, o qual contribuiu para a melhoria da proteção do substrato e aumento da viscosidade, sem interferir na aplicação.



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